terça-feira, 21 de julho de 2009

Crispações


Vejo ao fim do horizonte um nevoeiro negro
Nele sufoco-me, perco-me e meus olhos ficam úmidos
neste céu transfigurado que se sustenta no ar.
Abaixo está a metrópole tal qual um formigueiro, nela
defronto-me comigo, embora seja um produto do meio
tento uma transmutação.

O que sou agora? O que faço aqui esquecida por todos
e ao lado desses corpos? Para onde caminho? Por que
me pisam, me chutam, meus gritos não fazem diferença
sou apenas mais um entre tantos que gritam a mesma dor,
minhas lágrimas são ignoradas.

Agora caminho por entre as esquinas de um canto
qualquer, vejo Deus com as mãos estendidas pedindo:
esmolas, água, comida, ajuda, amor e todos com
seus olhos fotográficos vêem apenas um retrato.

Sou agora o amor e com um valor sou comprado por
fracos, ignorantes que fraquejam atrás de uma felicidade
em que muitos sonham ter e poucos a encontram.

Estou deitada em uma calçada, ao meu lado dormem
como eu meus amigos, ou será meus irmãos? seus sonhos
em busca de um lar, uma mãe, amor e carinho são
interrompidos por um ruído qualquer que os fazem
melancolicamente relembrarem uma chacina.

Testemunha de um assassinato, roubo, ambições, falta de
amor, solidariedade; tristeza, luz, do luar melancólico.
Abro os olhos, a janela e fora sou personagem do meu sonho.